sábado, 19 de fevereiro de 2011

Alva

Alva


No avesso da janela
a brancura
alvíssima da neve
cobre o cume
verde da montanha
Polvilha as ruas e orvalha
a silenciosa manhã
já prenhe de poesia


Valentina Diadory
28/01/2011
9:35 h

Amargo

Amargo


Um limo inundou
a vela do lume
Um breu se acendeu...
Um travo amarga a língua
Uma letargia...
E o lápis roto
inerte
largado no assoalho


Valentina Diadory
14/05/10
7:40 h

Poeta

Poeta


Poeta tem
um retalho de mar
cerzido nos olhos
e um sol poente
ardendo no peito
Dia e noite
saliva palavras sob a língua...
Queima
deságua...


Valentina Diadory
26/01/2011
22:00 h

Paz

Paz


Não sou daqui
venho de longe
Trago no côncavo das mãos
meu mundo caiado
e o esvoaçar
colorido das borboletas


Valentina Diadory
26/01/11
10:11 h

Sede

Sede


Dá-me um gole d’água
para molhar a palavra
que me bebe por dentro
Espreme uma gota
e inunda o verbo enroscado
na minha garganta
Que arde de sede
e me arranha
Afoga
minha língua enfebrecida
e deixa minha boca
cheia de versos


Valentina Diadory
24/01/2011
21:00 h

Sem atalho

Sem atalho


Entre aspas vocifero
Engasgo nas reticências
Resvalo na grafia das letras
Calo
Nada ouço
Do fim ao começo
enxergo a dor sem atalho
doendo por dentro
Atravesso a página insone
e as borboletas
alheias a tudo dançam ao vento


Valentina Diadory
10/11/10
14:10 h

Inocência

Inocência


De repente
na ponta dos pés
o dia boceja e nasce viril
Um naco de sol
abarca o colo casto
doura a inocência
e a face viçosa enrubesce


Valentina Diadory
23/01/2011
09:20 h

Sonhos

Sonhos


Era uma vez
sonhos aos molhos
e de olhos abertos
guardados todas as noites
na gaveta emperrada
do criado-mudo
No bocejar do dia
o sol enfeita a janela
dos sonhos empoeirados
trancados no quarto


Valentina Diadory
15/01/11
07:18 h