terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Adeus

Adeus


Ninguém leu
o sorriso se apagando
e o rumor da palavra
ferindo o coração
Ninguém viu os espinhos
ceifando a face
o amargor do fel
e o grito engolido
fundindo-se com a dor


Valentina Diadory
15/08/10
19:30 h

Um filme antigo

Um filme antigo


Os olhos se fecham
a face enfebrece
e o camafeu sacoleja
na generosidade talhada
do decote
Os lábios coram e a boca
virgem da donzela
delira com a volúpia
do primeiro beijo


Valentina Diadory
14/07/10
13:20 h

Solidão

Solidão


Tarde áspera num dia
de sol emprestado


...Olhar côncavo
fita o jardim vazio
Enigmático tece
um mergulho
no silêncio perene
Açoita segredos
e o chapéu sombreia
as janelas vizinhas
Nada faz sentido


Valentina Diadory
08/01/11
18:30 h

Intimidade

Intimidade


Gemidos roucos
entrelaçar de pernas
amassando lençóis
Cabelos presos
em desalinho
Decote ousado
no colo descoberto
o hálito chega quente
e um beijo
na esquina do pescoço...
É o começo de tudo.


Valentina Diadory
14/09/10
22:05 h

Nada sei...

Nada sei...


Do amor nada sei...
Sou ainda uma aprendiz
deslumbrada com esse céu
de outras nuvens
de outros sonhos...
Sei dos raios e trovões
da tempestade
que está acontecendo
aqui dentro
Sei do meu mundo
desabando
e tenho medo
do que possa acontecer
amanhã...


Valentina Diadory
04/11/10
12:20 h

Despetalando...

Despetalando...


Hoje estou flor
colhida antes da hora
Esquecida com os pés
fora d'água
Sem sol
Sem ar
Sem viço
Despetalando ...


Valentina Diadory
05/01/11
15:30

Invernal

Invernal


Um ramo
vistoso de estrelícias
se debruça na cerca
Boceja e colhe
uma réstia de luz
esquecida pelo sol
no portão


Valentina Diadory
28/06/10
17:50 h

Tátil

Tátil

À meia luz
suas mãos não tardam
Chegam devastadoras
rasgam o silêncio
apalpam a fimbria
dos desejos
Em brasa
desabotoam recatos
queimam vãos...

Valentina Diadory
14/6/10
23:15

Inquietude

Inquietude


Só agora me dei conta...
Lá no fundo
careço do silêncio
para ouvir
a canção da poesia


Valentina Diadory
22/04/10
23:30 h

Sobras

Sobras


Traz nos olhos
sobras de um vitral
Cacos de sonhos
estilhaços da vida
misturados a um facho
amarelo de sol
Na boca sem fala
a fome e os restos
d’um beijo salgado do mar
Uma lágrima cai
borra a face
varre o silêncio
e se atola no cais
As mãos enrugadas
esfarelam e sacodem
um punhado cheio
de flocos de lembranças
E ninguém lhe diz
para onde esse vento vai


Valentina Diadory
28/03/10
13:30 h